sexta-feira, setembro 18, 2009

Uma flor a querer vida


Estávamos sentados e sentíamos que íamos partir. Eu adivinhava a distância, tu a ausência que se avizinhavam. Aquele relógio contava dois minutos. Foi o instante de tempo que mais rápido passou por mim. O ponteiro dos segundos acelerou muito e num ápice largamo-nos como se fossemos duas peças partidas de um só puzzle. Eu entrei, tu caminhaste lado-a-lado com os teus pensamentos e o ponteiro retomou o seu ritmo. Eu fiquei comigo e com as minhas palavras e deixei-me adormecer num sonho inacabado.


Hoje abri os olhos.

Reparei que apenas um pedaço do sonho existiu.

Hoje esqueci aquele relógio e as últimas palavras recônditas ao ouvido.

Hoje o dia estava cinzento e todo aquele fado tocado imperava nos assobios das aves.


Lembrar-me de tudo e deixar páginas em branco é ter medo de reescrever uma história de crianças. O vento irá levar-me para onde ele quiser e para onde eu quiser... não sei se irá voltar. Tudo ficou como uma flor a querer vida.