sábado, maio 31, 2014

Reinventando

Reinventado Guernica de Picasso...

...

Precisamos de uma Guerra. 

Uma Guerra de Homens. 

Homens iguais a ti e a mim. Homens que gostem de lutar com armas diferentes. Homens sem medo de colorir o mundo, de transformar o sangue deste Guernica em abraços demorados. Homens que não gostem de pisar seres, nem tenham uma capa vermelha à espera de touros para matá-los. 

Precisamos de uma luz. Igual à do quadro. Uma luz que tudo vê e que nunca perde o brilho ou fica fundida. Uma luz que faz das bocas abertas de gritos, bocas que entoam uma palavra de ordem. 

Hoje a Guerra começou.

Vejo-te sem o escudo ao peito.

A Paz está a chegar.


terça-feira, maio 13, 2014

Nascer é muito mais

Nascemos pelo simples ato de alguém ser amor. Perpetuamo-nos no tempo e adormecemos. Na manhã seguinte, somos nós a nascer de novo. Espreguiçamo-nos e olhamo-nos. Há dias de luz, outros de escuro. O espelho reinventa connosco o nosso rosto. Todos os dias nos vê diferentes.

É um ser inanimado que apenas nos mostra o que queremos ver. E quem vê mesmo de verdade, sabe e sente que nascer é muito mais do que o nosso dia de anos.

Nesse dia, ficámos feitos de pós celestiais de uma supernova. Nascemos com a explosão de estrelas e logo em breve morremos na invisibilidade das partículas. Nasceremos de novo com outra explosão até perdermos de novo a luz.

Neste zig-zag do nascer percebe-se claramente que tem que haver uma fonte de energia. Será o sol? A lua? O vento? A maré?

Será esta última desconstruída. “Amare”, como se lê. Amar, como se escrever. O nosso início foi feito disto. E se nascemos de novo é porque amamos coisas na vida, coisas que cada um sabe e sente.


Nascer é muito mais do que o nosso dia de anos.

P.S. Esta fala-nos de como nascemos, dos pós celestiais que temos: https://www.youtube.com/watch?v=iQJ6hjJtf6Q

quarta-feira, maio 07, 2014

Procuro-te

Procuro-te neste barulho. Neste ressoar de motores de carros, de passos apressados, de luzes incandescentes, de ondas de rio a bater nas margens, de prédios altos, de vento a despentear-me os cabelos.

Procuro-te com a ansiedade óbvia de querer paz. A serenidade transforma-nos e leva-nos ao nosso primeiro estádio no mundo.  

Procuro-te dentro de mim. Neste enorme coração que tem um ritmo próprio, no toque de anéis nas minhas mãos, nos meus pensamentos e sorrisos.

Procuro-te. Procuro-te.

E não te encontro.

Mesmo fechando os olhos, mesmo tentando telepatia, mesmo rezando. Mesmo à noite, bem antes de adormecer, oiço pássaros noctívagos.

E não sei como és.

Talvez sejas um frio, uma ausência de cores ou a soma de todas elas. Talvez tenhas ficado suspenso no início do mundo para que ninguém te pudesse conhecer. Talvez Deus tenha sido egoísta e tu sejas o Paraíso.

Já pensei subir a montanha mais alta e procurar-te lá do alto. Quando se vê o mundo inteiro, ainda haverá algo a escapar-nos?

Não sei quando te irei encontrar. Sei que vou continuar a sonhar contigo. A querer-te a apaziguar o que sou.

Não sei onde estás. Sinto que existes e que andas por aí. Vou começar a procurar-te no singelo.

É o silêncio que quero encontrar.


P.S. Não há música, porque o silêncio hoje não se quer expressar assim.