domingo, novembro 13, 2011

Corre


Corre. Corre depressa. Não olhes nunca para trás. Corre. Corre o mais que puderes. Não tenhas medo se de noite não houver lua. Não olhes para as pedras, elas não te farão cair. Não olhes para o céu, o Sol poder-te-á cegar. Olha sempre para a linha do horizonte. E não desistas. Continua a correr. Não te vais cansar. Nunca nos cansamos quando corremos pela nossa essência. O teu caminho não era aqui. A tua casa não era esta. Era demasiado grande e complexa para ser vivida. Corre. Vai mais longe. Procura uma casa pequenina numa árvore para passares as noites. Acordarias todos os dias com o “passarar”. Ou então procura uma casa pequenina numa árvore à beira-mar. Seria o ideal. Adormecerias todas as noites com o “marulhar”. De manhã, levanta-te. Lava a cara com água salgada e espreguiça-te. Prepara-te para correr. Corre. Não leves mapa. Deixa-te guiar pelo teu instinto. Se tiveres que parar durante o dia não confies em que não conheces. Não te iludas com um doce. Quem é humilde apenas teria para te oferecer um copo de água e um pedaço de pão. Se conheceres alguém que apenas te ofereça isto dá-lhe de ti e pára de correr. Ajuda-lhe a semear o que for preciso. E fica à espera até veres os frutos que deu. Colhe tudo de bom agrado. Despede-te com um sorriso enorme e volta a correr. Corre agora mais devagar. Já não haverá urgência. Já descobriste parte da simplicidade da vida e da solidão. Agora, podes ir a andar e desfrutar a música dos teus passos. Estarás perto de encontrar a comunhão dentro de ti. Se fores capaz estarás bem contigo e vais gostar de viver de ti para ti.

A segunda parte da viagem não é fácil: saber encontrar-se dita a cura do que vai na alma. Mas o mais difícil é decidir partir e procurar a identidade do eu.

P.S. Hoje a música que embala é esta: http://www.youtube.com/watch?v=7LlKoQAvXUc :)

terça-feira, novembro 01, 2011

Vida

É paradoxal esta existência. Parecem estalinhos nos ouvidos a pedir para acordar quem morre dentro de cada um de nós. Como se fosse apenas um adormecimento demorado. Morre-se assim dentro das pessoas sem sabermos se algum tempo vivemos dentro delas. E Morrem dentro de nós da mesma forma. Não se sabe porquês, quandos, comos. Não há culpas ou desculpas. Simplesmente acontece. Um acontecer da razão, da dor da ciência. Ela diz-nos, com frieza das formulações das hipóteses, que nem todos têm o direito de viver dentro de alguém… Já bastam os imaginários, não? E estes, a maioria das vezes, acabam por desaparecer também. A morte das pessoas nas vidas caminhadas acaba por ser sinónimo de memórias perdidas e encontradas. Há dias que, por qualquer coisa, nos levam a dar vida aos que morreram. Uma panóplia de sentidos invade a alma e dá alento a dias cinzentos. E eu já não tenho medo.

(Minto. Tenho medo de morrer em alguém que em mim ainda tenha vida.)

P.S. *Também nos devemos lembrar de quem vive e querer que vivam felizes para serem todos lembrados no dia de hoje com muitos sorrisos.

*A música que fica... http://www.youtube.com/watch?v=wZd8bVY8Kk8... Abrir a janela e voar :)