domingo, outubro 31, 2010

Parede de vidro


Só uma parede de vidro nos separa.

Vejo-te a cair devagar, com força, devagar outra vez. Levantas-te e evaporas. Fazes barulho e fazes-me pensar e lembrar o que já foste: simples vento a rodopiar em folhas de palmeiras altas. Adormeces-me a sussurrar “Era uma vez...”. Nunca oiço as histórias até ao fim; sei apenas: se a história tiver um final cinzento, o dia será cinzento; se a história tiver um final branco, o dia será de luz. Às vezes acordas-me com pequenos plins. Às vezes, assustas-me e tenho medo; escondo-me em mil mantas e rezo para que te vás embora rápido. Outras, contemplo-te e saboreio-te; olho para ti olhos nos olhos e sinto que fazes parte desta Natureza-Mãe e que és vida.

Só uma parede de vidro nos separa.

Serás grande e partirás este vidro, invadirás todo o espaço e eu boiarei nesse mar. Poderei sentir-te na pele. Irás desfazer-te assim que te tocar com as minhas mãos, mas sei que és real, mesmo sendo transparente. Sonatas de chuva tocarás para sempre e eu irei sorrir e bailar com a tua música.

Gosto de chuva, mas não gosto de paredes de vidro.

sexta-feira, outubro 15, 2010


Céu: azul de mim a volupiar por todos os cantos de significado.

E eu a saber: sim, tem que ser, vai ser.

E eu a pensar: Espera mais um pouco, está quase. Não vês este azul? É o meu azul, é aquela parte de mim.


Rio: azul de mim a refrescar o que me queima.

E eu a saber: este ardor a acabar por sentir mais.. mais perto.

E eu a pensar: É hora de ir. Para aquele longe para trazer a serenidade.


Azul: azul de mim a segredar o comum entre dois.

E eu a saber: 1+1=infinito

E eu a pensar: Percebes? Os factores aleaórios têm média nula. Sem medo, por isso!


P.S.*Quando temos o azul nas mãos o que lhe devemos fazer?

sexta-feira, outubro 08, 2010

Palavras feias


Desculpem. Hoje apetece-me dizer palavras feias. Daquelas que são trapos velhos sem cor. Daquelas que perdem qualquer sentido depois de ouvidas. Daquelas que não se tocam e que não ficam bem numa menina. Daquelas que nos engolem os pensamentos e que nos fazem libertar da pressão. Daquelas que são um escape instantâneo. Daquelas que fazem dar um murro na mesa e apetecer dar mais... mesmo doendo.

Porque tudo faz parte de um imenso desejo de ser tudo e de ser tão limitada a este tudo. Primeiro com o tempo, depois com a minha ansiedade, depois com os acasos, depois com as circunstâncias burocráticas da vida.

Já chega, não? Porquê?

Um pouco mais de céu, talvez!