domingo, setembro 28, 2008

Celeridade de um sorriso ou de um olhar


O olhar. O olhar confunde-se com o sorriso e no sorriso há o olhar e no olhar há o sorriso. O toque é pequeno e a luz infinita. A celeridade dos pensamentos é absurda e os desejos e invocações de novo existem neste lugar tão próprio que é meu. Na primeira vez, a luminosidade não é clara e inconscientemente ela fica a dançar invisivelmente nos olhos. Na segunda percepção, vê-se algo e gosta-se do que se fita. E nas restantes, a luz surge e traz sorrisos agregados a ela e a gente sorri.

Então…

Podia começar a exortar génios e teria sucesso, porque estes crêem num olhar e eu creio em genialidades. E, por vezes, por mais que me distancie do meu céu, a luz daquela estrela aparece num brilho desigual de um sorriso meu ou de alguém.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Ser ou não ser...


De alvorada em alvorada o canto persistia. Mil léguas ultrapassava num estilo magistral e perfeito. A razão era simples: acordar. Os olhos abriam com a claridade da manhã e a mente estremecia com o sussurro dos pássaros, das flores, das nuvens e de outros naturais. O sabor daqueles dias era igual ao de uma quimera abençoada. Era Primavera, Verão, Outono e Inverno e existir era rir.

De vigília em vigília o canto persistia. Mil léguas ultrapassava num estilo ignóbil e perverso. A razão era simples: acordar. Os olhos abriam com a escuridão da noite e a mente estremecia com o sussurro de gritos e de berros surreais. O sabor daqueles dias era igual ao de um pesadelo cruel. Era Primavera, Verão, Outono e Inverno e existir era sinónimo a não ser nada.


Humano? Eu?

terça-feira, setembro 02, 2008

Intuitos


As cores do natural coabitavam num universo tão próprio de colorações que eram capazes de falar mais do que humanos com capacidade retórica. Os olhos, cinzentos como a cinza, entendiam esta mutação artística e faziam-na desfrutar, momento a momento, o que percebia pelo olhar. Os sons também se alteravam com a direcção do vento: eram melosos e prezados e faziam-na levitar num oceano de utopia. Percorria aquela estrada, de pó capaz de cegar, sem desejo de chegar ao último quilómetro. Os passos eram pequenos, os intuitos tão grandes. O tic-tac do relógio estava abafado pelo espaço, e o tempo transformava-se num elemento inexistente à vida, como se fosse possível.
Das possibilidades, passa a ter como condiscípulas de jornada as impossibilidades. Quando deixava de sentir a brisa a bater-lhe na cara, notava que já lhe tinham aberto a porta do mundo real. Tudo se desvanecia ao querer dela. Agora, os passos eram grandes e os intuitos tão pequenos. Os sorrisos das flores e o canto das nuvens escondiam-se neste mundo e perdiam-se pelos labirintos tão comuns. Chamavam-na, em silêncio para ninguém ouvir, e convidavam-na a percorrer os caminhos que tinham descoberto para o outro tal mundo. Ela queria… mas o dever imperava.
À noite, a realidade dormia sem sonhos e ela atrevia-se a fazer o caminho de todas as manhãs, acompanhada pela luz mágica da Lua. Voava e acreditava.

Era um refúgio, era uma salvação. Era ela a inventar cores e maresias e fantoches benfeitores.