sábado, dezembro 31, 2011

Raízes



(fotografia da minha autoria)

Se fosse possível resumir um ano a uma palavra, resumiria a raízes.

Raízes que nasceram. Novas, com vida e com vontade de crescer.

Raízes que cresceram. Já nascidas e que cresceram saudavelmente na terra que suporta os meus pés.

Raízes que morreram. Breves ou Médias ou Longas ficaram sem ar ou sem espaço na enorme densidade do que acontece.

Raízes que adormeceram.

Todas são raízes. Todas permanecem quer com ou sem vida. Alimentam-me as que nascem e crescem. Mas, todas me suportam e me fazem prosperar. Todas as minhas raízes estão voltadas para o céu. Como a árvore que vi e que toquei. Como os ramos à espera de florir.


P.S. *A vida é marvilhosa com todas estas raízes... http://www.youtube.com/watch?v=7l74d1fmZbw

*Um pedacinho de 2012... Seria importante eles saberem falar? Falar não é mais do que uma expressão oral do que pensamos. Mas há outras formas de falar. Eles sabiam escrever numa linguagem muito própria, que apenas os cinco conheciam. Também sabiam sorrir e rir, e estas duas manifestações também são falar. E será que seria importante eles saberem ouvir? Ouvir não e mais do que percepcionar o que nos rodeia. Mas há outras formas de ouvir. E eles sabiam ouvir com o coração.

domingo, dezembro 25, 2011

Natal é agora

Hoje abraça-me este poema do Ary dos Santos...

"Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher"

Hoje também me abraça esta voz...
http://www.youtube.com/watch?v=C1g5qHxSoF4

Natal é agora :)


terça-feira, dezembro 13, 2011

Ser por si só


Adormecer num silêncio tranquilo e deixar-me estar. Acordar com pássaros a bailar na minha janela e saber, saber por si só, que o que está lá fora é apenas o meu presente. O único presente que sou audaz de conjugar.

Um agora com reminiscências de pretéritos perfeitos e imperfeitos. Um presente que me mostra que não importa uma conjugação plural se apenas é dita no singular. Um hoje que transforma pormenores na sua percepção e na desconstrução do que eles são. Um já de acasos com duas probabilidades simples do sucesso ou do insucesso. Um imediatamente de guardar tudo outra vez em mim e perder a chave. Um depressa com a aceitação da mudança para um outro alguém como que uma desculpa à solidão.

Um tempo que tende para infinito e que se confunde com o futuro. Um futuro que é este agora, este presente, este hoje, este já, este imediatamente, este depressa. Um futuro com mais conjugações de felicidades. É o que desejo à conjugação de ser.

Por isso, ensina-me, pequena ave da manhã, a ser.


P.S. Hoje fica esta: http://www.youtube.com/watch?v=K1sZpmBnJuw :)