domingo, setembro 30, 2007

Aqui



"Aqui começa o meu descampado Ou o meu jardim cultivado; Aqui começa a minha queda vertiginosa Ou a minha entrada gloriosa; Aqui, somente aqui, Começa o que jamais acabará aqui; Aqui serei muito ou serei pouco, Serei pobre ou serei louco, Serei charco, lago, rio ou mar Serei o que conquistar Aqui serei o que tu quiseres E o que eu quiser, Mas é aqui que tudo começa Aqui e nada mais do que aqui" - Vasco Gonçalves


Porque aqui há dois caminhos.
Porque aqui o "ou" torna-se tão imperativo como o verbo ser.
Porque aqui podes ganhar ou não.

domingo, setembro 23, 2007


Com um estalar de dedos o tempo volta a ser tempo.



Com a mente consegue-se parar o tempo. Tudo fica estático, nada se move, nada se cria. Capta-se tudo ao pormenor, o segundo é transformado em minutos. Esboça-se o que se vê e com os utensílios mais distintos traça-se a escala. Depois de o momento estar captado, com os primordiais detalhes, estalam-se os dedos. E o tempo volta a ser tempo e a dimensão espacial torna-se na real.



Com um estalar de dedos o tempo volta a ser tempo.


P.S. O filme "Cashback" traduz o que escrevi em meio de devaneio...
Ah a imagem é do filme ;)

domingo, setembro 16, 2007

Todos vão


Reparei que da minha memória desapareceram pedaços. Talvez coisas insignificantes. Não sei. Sei que uma miúda de seis anos se lembra de tudo. Tudo o que aconteceu. Todos os passos. E eu apenas me lembro de alguns momentos. Varri com uma vassoura imperfeita tantos acontecimentos. Guardei apenas o quase fim. A dolorosa caminhada dele tem espaços em branco na minha cabeça, é como se uma borracha tivesse apagado o passo X ou Y. Não o fiz de propósito, apenas o meu subconsciente ordenou que eu o fizesse. Porquê? Porque era melhor para mim? Talvez para eu me proteger, para não me lembrar das imagens que mostravam sofrimento? Não sei.
Tudo o que me lembro está tão desfocado que apenas sei que nele dor não faltou.
Um dia serei eu, outro tu, todos vão. Mas antes disso, não quero morrer aos meus olhos.

domingo, setembro 09, 2007

E a tua qual seria?


Uma imagem tem mais do que uma interpretação. Aos teus olhos é uma coisa, mas aos meus pode ser outra completamente diferente. E esta foto apenas tem em comum, na tua e na minha discrição, as cores e as pessoas.

Vejo duas pessoas com duas maneiras diferentes de olharem o mundo.Uma tem coragem e a outra não. Uma sabe que sem coragem jamais conseguirá enfrentar os seus medos; a outra apenas vê com a face escura que lhe cega tanto os olhos, contraditoriamente veste-se de branco, talvez para se sentir viva ou feliz, talvez. São diferentes, muito diferentes. Ainda assim, guardam ambas um segredo. Uma vê com os olhos e a outra com o coração. Continua segredo.
Esta é a minha interpretação.

A tua seria esta,
Vejo uma pessoa que ama outra e que por a amar tanto, tapa-lhe os olhos para que não veja este mundo do avesso. E o gesto que lhe faz é um gesto puro e sem maldade, digno de alguém que sabe proteger. Mas esta esquece-se que não se pode proteger tanto os outros, mesmo aqueles que amamos, porque quem protege demais acaba sempre por perder algo ou alguém. E por isso, veste-se de preto; o seu coração tem este temor. Os olhos já não sorriem e a mão, ainda que branca, não deixa transparecer o sorriso do olhar da pessoa de branco. E esta veste-se de branco não para se sentir mais viva ou feliz, mas sim para se sentir com mais esperança. A esperança de que a pessoa protectora um dia mudará e que a deixará ver o mundo tal como ele é, mesmo com tudo o que existe para além de um olhar.


E a tua qual seria?

terça-feira, setembro 04, 2007



“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”

Principezinho, Antoine de Saint Exupéry.


Ainda me lembro quando quebrei o silêncio na capela para dizer esta frase. Um livro espectacular que nos alerta para a necessidade de cativar.
Cada um de nós só conhece bem aquilo que cativa... E cativar significa criar laços!

Porque há pessoas que têm para sempre um lugar cativo no meu coração. Essas sim são importantes!