terça-feira, janeiro 29, 2008

Nada


Não há um rumo. Não há nada. Simplesmente há um silêncio. Um silêncio que nem chega a sê-lo, porque não há nada. Porque o silêncio é o nada, o silêncio é como o universo: não é inteligível e por isso não é nada. Mas este nada perturba-me. Estranho? O nada não me devia influenciar, porque não é nada, mas incomoda-me. Incomoda-me porque sei ouvi-lo e não gosto. Porque ele fala-me do nada e eu não gosto do nada. Ou se calhar até gosto.

Quando o nada se transforma no silêncio gera-se uma grande apatia.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

És um cubo.


As tuas faces visíveis são regulares, simétricas, íntegras; perfeitas até nas suas paralelas. Tu tens mais do estas faces; tens outras. Outras com mais encanto e mistério. São aquelas que estão dentro das que se vêem. Precisam de estar guardadas, porque são demasiado brilhantes para serem expostas à erosão. E tu estás lá dentro, intacto aos teus gestos, mero filósofo dos teus pensamentos e medos. Consegues estar ainda mais profundo. És capaz de ver as faces visíveis aos meus olhos e as visíveis aos teus olhos. E as que vês são as que te fazem bem, porque são aquilo que és, porque "ser-se" ser é conseguir ver-nos na perspectiva mais intrínseca.

O cubo cai. cai sempre que os radianos não são os verdadeiros valores. Cai mas não parte, porque não é de vidro, porque não és de vidro. Cada vez que cai as faces rodam. Rodam no sentido inverso ao tempo. E as perguntas precipitam na tua cabeça. Fica tudo do avesso e voltam as respostas. Respostas que muitas vezes não o são, porque não há respostas para tudo, porque tu sabes disso.

O cubo cai e és duplo: estás dentro e fora de ti. Dás um pouco do que tens para dar aos outros, é pouco, mas é quanto basta.
[Tens tanto para dar a ti]
É neste "dar aos outros" que mostras as tuas faces interiores, aquelas outras que fazem parte do "dentro" do teu cubo, aquelas que são perigosas, porque são imprevisíveis.
[É neste "dar aos outros" que para os outros és importante]
És 1 cubo. Um cubo com mais que 6 faces. Um cubo que cai e volta a cair, mas não parte, porque não é de vidro. És 1 cubo. Um cubo com tanto para descobrir.


P.S. *Quando se vê um cubo só se vêem 6 faces. Ele tem mais. Basta abri-lo e descobrir o seu interior ;)
*Tangerina falta o comentário...

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Espero por tanto



No meu monólogo não encontro as respostas que quero ouvir, porque eu não tenho as palavras, os gestos, a voz, o coração. Falta-me um pedaço, um pedaço que me faz falta e que me fugiu quando não o tinha nas mãos. Fugiu porque eu quis e eu deixei. Não por cobardia, mais por querer. É tão complicado. É como que existisse um íman que atrai e não atrai. Umas vezes sou atraída para o fragmento outras há que sinto uma enorme repulsão. E depois vem o monólogo sem frases. Só comigo, só eu. Eu sozinha a inventar histórias com olhares comprometidos e suaves. Mas, onde está tudo o que sempre quis ver, ouvir, sentir. Onde existe? Falta-me um pedaço. O pedaço. Aquele pedaço que partiu quando eu não tinha ainda coragem para saber que tê-lo era precioso e que não tê-lo era... era cinzento. E agora, neste impasse, espero por diálogos que não sejam silenciosos. Espero por tanto. E enquanto espero, falo com os meus olhos; eles dizem tanto. Dizem mais que as palavras mudas e que a própria razão. Falo também com os sorrisos nesta demora que tem fim no dia em se quebrar o silêncio como quem quebra um abraço. Espero por tanto...

segunda-feira, janeiro 07, 2008

era bom


Era sentir o fardo mais leve.
Era voar com as asas da borboleta.
Era pintar a tela de invisível.
Era decorar palavras com aquele sentido;

E era dizê-las,
Dizê-las sempre,
Sempre que eu as quisesse ouvir.

Era bom poder sentir, voar, pintar e decorar essas palavras para sempre.

Vos digo: era bom.

terça-feira, janeiro 01, 2008


O sonhar envolve-me outra vez.

Olho para as chamas que me aquecem e reparo que cada uma me mostra um instante vivido, um momento na memória perdido. Vejo pessoas importantes, desejos realizados, espaços de me bem-fazer, olhares sábios, lágrimas verdadeiras, sorrisos mais que perfeitos, viagens de amizade, palavras marcantes... Vejo mais além: vejo tudo aquilo que tenho fé que um dia possa acontecer.

Acordo.

- Vamos ver as estrelas!

P.S. *Óptimo ano 2008 para todos os que me lêem ;)