quinta-feira, julho 12, 2012

Invisibilidade do tempo


O tempo tem as voltas certas no relógio invisível que me acompanha. Este ano as voltas foram muitas e os segundos de vida foram horas de silêncio. Estive na margem de rios e à margem do meu próprio rio. Estive sentada, como espectadora. O barco estava sozinho e seguia de modo imprevisível. Não tinha vontade de remar nem de ir com a corrente. O sentido contrário sempre me aliciou mais. Por mal, verdade seja dita. Pensava numa estratégia, mas não conseguia. A certeza de ter que voltar ao barco, bloqueava-me a luz da lógica natural do meu raciocínio. Os “como queria demonstrar” esqueceram-se de mim, e os planos que detalhei voaram. Tentei apanhá-los, em vão. Mantive-me quieta, e vi sonhos a serem arrancados com uma pedra. Com uma pedra que seca a água de rios. Como se os absorvesse todos dentro dela. Uma pedra de dor. Uma pedra feita de um buraco negro. Que aglutina a luz.

Foi à margem que vos acenei para sempre. Parti para um outro rumo, sem a certeza dos meus sonhos, das minhas vontades. Parti, porque era hora e estava a ficar noite. Não vou com a corrente, mas também não vou contra ela. Percebi que é possível navegar por entre as duas e chegar no tempo certo ao propósito.

E o relógio continua. Agora, as horas de vida são horas de crescer.

P.S. The Sun, The trees :) http://www.youtube.com/watch?v=6oTJmiQ1eRE