quinta-feira, junho 26, 2008

Cantos


Entrelaço-me no descanso dos dias longos e deixo-me ficar a saborear o que de mais delicioso há no recanto da minha lua. Olho, com aqueles meus olhos de escutar, os segredos dos que andam a dormir com o olhar entreaberto. Às vezes, gosto do que vejo e sorrio; outras, não esboço qualquer simpatia e baloiço-me na minha lua à procura de uma nova projecção.

Rodo-mo no melhor sentido da rosa-dos-ventos; Norte, Sul, Este, Oeste? Que importa? A melhor direcção é a minha: a mistura de todos os pontos cardeais com um único sentido apenas. Deleito-me com os aromas da terra e da água e do céu. E Disfarço-me na cor branca e deixo-me estar nesta transparência até quando eu quiser. Ou Tu?

Os segredos continuam a bajular as essências e cada vez mais me sinto convidada a ouvir os cantos das aves universais.

domingo, junho 01, 2008

Cansamo-nos



Cansamo-nos. Trazemos à baila essências demasiado trabalhadas para serem expostas aos não seres. Ficamos quietos e rimos. Rimos muito e alto. Rimos pelos olhares. Rimos pelo pardo que nos atrai. Rimos por existirmos assim. E. Baloiçamos com as letras das palavras que cantamos tão silenciosamente. Baloiçamos com os gestos das nossas vozes e das nossas mãos.

Ouvimos o rasto da música e tornamo-nos mais sérios. Adivinho a tua cor e tornaste irrisório nos meus pensamentos. Os barcos de papel que deixaste por navegar deixaram-te num porto hesitante. O mar fica revolto e tudo escuro, igual a ti. O teu olhar torna-se o meu. E. Não quero ver.

Cansamo-nos. As margens distanciam-se e nem um braço, nem dois, nem três eram capazes de uni-las por um dedo. Caminho para um lado e tu para outro. A música continua a ecoar baixinho. Fecho a minha janela e deixo-to do lado de fora. Estamos cansados. Preciso adormecer e acordar como eu era. Porque só assim faz algum sentido.