sábado, janeiro 29, 2011

Causalidade


Hoje há assim esta pequenina longitude entre nós. Sabes, por acaso, a quantas horas de pensamento estamos distantes? As mesmas que existem numa imortalização de braços abertos, numa penumbra que tende para infinito. São, na verdade, uma inequação demasiado complexa que tenho andado a tentar resolver. Cálculos, mais cálculos e horas de vida passadas a olhar para incógnitas, como se elas pudessem ganhar vida ou cor com o meu olhar. Há sempre uma relação de causalidade entre as variáveis. Talvez entre “x” e o “y” seja mútua. Ainda não consegui chegar à demonstração de resultados. Reformulo a inequação e continuo a tentar. Vou-me cansar deste problema e vou guardá-lo no caderno dos “problemas ainda por resolver”. Vou dormir e sonhar com a resolução. Se ela existir e não for imaginária, acordarei de noite num ímpeto alegre e chegarei à conclusão que o resultado não é um número, mas uma palavra.


P.S. Porque há sempre tantas letras no meio de tantos números... e eu gosto destas matemáticas.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Numa folha branca


É a partir daqui que escrevo. Tantas palavras. E olho. Tão dentro.

Não ando em compasso de espera, espero-me apenas a mim. Conduzo-me por esta casa silenciosamente e vou à procura de histórias. Há muitos livros nesta casa. Mas não encontro o que me pertence. Talvez as histórias tenham fugido dos livros com medo de serem encontradas e lidas e sofridas e amadas. Há algo que me atrai mais longe, pequenas notas musicais desenhadas em partituras minimalistas. Estão a lápis. Adivinho um rascunho. Continuo a observar e atrás de mim está um piano e uma guitarra. Interrompo o silêncio com um breve verbo e há acústica. Faltam as vozes.

É a partir daqui que escrevo. Destas folhas brancas que encontrei neste chão. Umas estão brancas, outras escritas por mim, outras brancas e escritas por alguém. Há histórias nestas folhas e ainda que eu não as veja, sei que cá estão.

Numa folha branca há sempre mais do que se imagina. Talvez as vozes ajudem, talvez…