sexta-feira, março 19, 2010

Eclipse


Uma explosão de cores (repentina) de distância.

Como qualquer explosão que acaba, que magoa no início, que deixa um rasto na memória frágil, avesso ao risco, à ingenuidade, à fragrância. Como qualquer arco-íris com todas as cores deste mundo: invisivelmente espectrais.

Uma explosão de sons (repentina) de ausência.

Uma balada quente, sem espaço para ouvir passos pequeninos de crianças a deambular com sono. Um silêncio duradouro, calmo, quieto, inseguro, meu. Umas frases rosadas a contar números de cor até ao infinito, sem cansaço.

Uma explosão de toques (repentina) de saudade.

Ondas a fazer cócegas aos meus pés e eles a rirem muito. Limpar a cara de chocolate com a mão e sentir a delícia do cacau. Sacudir a areia de uma concha e pegar numa pequena alga com aquela forma.

E quando eu voltar a abrir uma caixa, onde fechei o eclipse, uma nova explosão surgirá. Não será de distância, de ausência, de saudade. Apenas de sorrisos.