terça-feira, abril 29, 2008

Vem e vai


À deriva naquele dia sonhava com a voz de outros tempos...


Voz: Vem. Vem sentar-te aqui. Quero falar-te e saber das tuas decisões. Consigo perceber que precisas de algo meu.


(Olhar: Filha, os sonhos são dores…)


Voz: Senta-te. Olha os meus olhos. Sabem tanto. A idade também pesa, é certo, mas muito mais do que isso conheço-te. Conheço-te, porque também eu sei ler o invisível e por mais anos que passem, vais continuar a ser aquela papoila que baloiça e não cai. Serás sempre a menina dos sorrisos vermelhos, sempre.


(Olhar: Dorme, criança, dorme,/ Dorme que eu velarei)


Voz: Não Catarina! Não vás por aí! Não vais ser feliz assim. Imagino-te no futuro assim ... Confia no que te digo e não mintas mais a ti própria. Tens um castelo para construir e nunca para arruinar.
Agora vai, alguém te espera.

(Olhar: A vida é jovem e o amor sorri)


Deixei de derivar após ouvir e ler, pelo olhar, estas palavras. Serão indeléveis à passagem das folhas do Outono.


P.S. *As frases do olhar são da autoria de Fernando Pessoa e as da voz são de outra mente genial :)

sexta-feira, abril 25, 2008

Quando não sei


Sonhos perdidos na razão de não ser
Trazem escondidos pedaços de alma nua.
Quando há luz, evadem-se na linha imaginária e transformam-se em realização.


Quando não há luz, permanecem adormecidos e aniquilam-se em prostração.


1/4/2008


P.S. *Foi num dia de muita luz que os cravos marcaram um tempo, e ainda bem que marcaram :)

sexta-feira, abril 18, 2008

Sopros do mar


Não fui a tempo de te dizer que era eu a agitar as águas, porque não ouvi as tuas lágrimas, porque também eu estava a chorar. Não sei porquê, talvez adivinhasse a tua partida não sei bem para onde. Hoje, nesta noite, a escuridão já não pesa nem cerra, porque hoje, nesta noite, sou capaz de ouvir a nossa canção, aquela que outrora cantavas. E ainda cantas, porque eu a escuto e entendo mesmo não havendo clareias de luz… E tu sabes… Da nuvem onde te sentas a olhar-me a escrever, sabes… Sabes o quanto é essencial eu ver um dos teus sorrisos e guardá-lo na esperança de que a gota de água que lançámos seja capaz de fazer brotar da terra e do mar e do sol e da lua muitas palavras.

A nuvem afasta-se na imensidão desse teu grande mar, os grandes Deuses sopram afastando a calamidade sobre as águas, de longe revejo-te e alegro-me em sonhos que vagueiam moribundos pelos teus mergulhos constantes na perseguição às letras que timidamente vou deixando a pairar sobre o ar. Atravessas correntes descontentes na esperança que a grande mãe se lembre de deitar raios e coriscos e me devolva a este grande mar! Mas o vento corre e a poeira já se sente, neste presente serás tu uma alma crente?

Catarina Proença&Marco Martins


As gotas continuam a viagem neste universo de tantas e tantas existências :)

sexta-feira, abril 11, 2008

Ch...


Hoje estou dormente, porque chove. Chove tanto. Chovem palavras difíceis, cortantes, amáveis: clássicas; Chovem estrelas, sóis, luares: luzes; Chovem mares, árvores, pedras: terras; Chovem flores, borboletas, cores: utopias. Chove muito. Chove... chov... cho... ch... Hoje é noite e chove. Chove tudo o que há e que quero que caia.

Hoje renova-se o tempo que foi para ser o que será.

Hoje a minh' alma chove...


-Deixa-a chover!

9/4/2008

terça-feira, abril 01, 2008

com ou sem Lápis-lazúli


Solta-se o vento e escrevo.


Estonteio os meus pensamentos e o meu génio. Entrelaço o natural com o abismal e gosto. Simplesmente gosto. Há um toque de mestria na passagem fotográfica que encaro com os meus olhos, porque lhe dou um tom e uma forma. E gosto. Simplesmente gosto. Está tudo apontado no meu adereço de rabiscos apenas com sentido para mim e para outros como eu.

O que miro não está perfeito no enredo, mas perfeito é na génese que lhe dei.


Solta-se o vento. E Vou escrevendo com ou sem Lápis-lazúli.


"Hoje parece bastar um pouco de céu" :)