Sem imagem, porque o mundo não é a 2D.
Tenho presente ser. No voo tranquilo de um sonho, a saber
sentir o vento da nossa terra e a escutar o silêncio do nosso âmago. Um toque
de mansinho, de aconchego na chuva que cai num Inverno passado que se faz
presente. A liberdade do futuro que se toca infimamente nas cordas de uma
guitarra oca. Nada será mais meu até chegar ao alto do mundo. Não vou com
pressa e não leio jornais para mapear a viagem. Vou por mim, pelos meus
instintos, pelo que dou sem pedir nada em troca, pelas pessoas que me dão o que
não peço ou que peço no meu silêncio. Vou devagar a cantarolar e a escrever. A escrever
muito mentalmente e sem a coragem ainda de transpor tudo para que leiam quem
sou eu afinal. Ou simplesmente como queria que tudo fosse. Levo cores na
algibeira para lançar lá do alto quando chegar. Ainda não sei se demoro. Não me
quero preocupar com isso. De Nada valem mãos entrelaçadas quando o eco da vida
não repercute som algum. Não nos cansemos. Serei Ricardiana, de certeza. Serei
também Florbela e Eugénio e Sophia e Neruda. E serei também uma espera
resiliente. Alguém me receberá quando eu acabar o caminho. Não estarei cansada
e serei capaz de voar e ver o mundo inteiro. Sim, o mundo inteiro. E aí serei o
que sempre quis ser.
P.S. "Happiness is only real when shared"... http://www.youtube.com/watch?v=32Js2Ef5Ojg