Gosto do que fica inacabado. Dos livros que deixo a meio e
que teimo um dia voltar a eles. Teimo ter um tempo “pretérito de futuro” para
cada um deles. Para me relançar nas palavras que têm para mim. Teimo em
acreditar que me lembrarei de pormenores das páginas já lidas e que as deixei
com um marcador à espera que eu não me esqueça.
E eu não me esqueço dos livros que deixei por ler. E sei
ainda muitas coisas de cor. A verdade é que há livros que não são começados a
ler no momento certo.
(Não sei qual é este momento também. Talvez seja um ponto de
tangência entre qualquer fronteira eficiente que descreva o que cada um de nós
é e vai viver.)
E, por isso têm, que ser deixados a meio. Naquela página,
com aquele número, com aquela última palavra, com uma vírgula, com reticências,
com um ponto de interrogação ou mesmo com um ponto final.
Nesta inevitabilidade da memória, voltei a pegar em dois
livros em particular. Cheguei à última página lida e lá estava o mesmo ponto em
cada um deles. É esta condição de finitude que tenho que aceitar, mesmo
gostando do que é inacabado, do infinito.
Espero perceber e sentir o que me leva a ler um livro até ao
fim, num sentido de futuro. Talvez a aleatoriedade não aleatória desta
existência seja fator explicativo.
P.S. Para começar...