É como se falasse italiano ou francês, que é como quem diz,
são as línguas que utilizo para os sentimentos. Ficam registados com outra fala
para que bom entendedor não entenda. No entanto, há o Português que teima em traduzi-los
e quando a tradução acontece, há o corrupio do medo. Tal e qual como naquela
peça de teatro, onde as aias se confundem com as princesas e os salteadores com
os príncipes.
Tenho-te sonhado com a primazia do ser. Tenho-te sonhado
poliglota dos sentimentos, adivinhador de teatros mal encenados. Talvez seja eu
a crítica das falas, a pedir que se tenha alma nas personagens, a pedir para
tocar quem nos ouve. Arregaço as muitas saias e corro até me sentar com um
leque. É a vez de te ouvir. Para meu espanto, esqueces as falas e
improvisas. Sabe bem ouvir-te.
As luzes vão variando e as formas desenhadas nas paredes
transportam-nos para o sonho. A música entrelaça a realidade reduzida com a aumentada.
Pareço ser especial por presenciar tal peça. Gosto disso e gosto deste tempo
que dou ao conhecimento de quem vale a pena. Gosto deste lado artístico da
vida, das integrações e das desintegrações, destes jogos de amor.
Parece que falei Português. Aplausos.
P.S. Escolhe tu a música.