Procurei-te no acaso.
Numa fila de trânsito. Num passeio de rua. Num lugar de
comboio. Num museu estrangeiro. Num ar livre alto.
Procurei-te a voar.
Sem ter os pés na terra. Sem me ter a mim terrena e filha do
mundo.
Voltei das viagens com o vazio ainda a fazer-me cócegas.
Mas, voltei sempre mais certa de quem sonho. Mais certa de quem quero. Mais
certa de quem sou. Voltei com um passaporte aberto, como uma herança que tenho
que partilhar.
Voltei para ser parte do mundo, da minha história, da tua
história. Ainda que com asas, vou com os pés a trilhar caminho sério. E gosto desta
mistura de mundos. Do meu fantasiado, romântico, especial e do teu mais real.
Precisava de aprender a sentir o chão. O chão sempre. O chão
com dores e eu voava, voava até não ter mais chão.
É este o meu exercício de agora. Deixar de idealizar acasos
e simplesmente sentir o que escolhi, o que fiz por merecer, o que não desisti.
Sentir e deixar que sintam que há tanto para viver e para partilhar.
Os dias começam a contar. E eu mesmo descalça no chão,
acredito na eternidade dos momentos, das partilhas, da vida que está para vir. Sinto
que tu também acreditas.
P.S. Home is wherever I'm with you... https://www.youtube.com/watch?v=oUknlSWNbEI