sexta-feira, junho 04, 2010

magnólia de neve


E um dia voltou a nevar. Assim do nada. Aqueles flocos eram um gelado a deslizar pela garganta e a limpar a transpiração do calor. Os tons foram todos eles pintados pela cor branca. A praia foi preenchida por um imenso manto branco e todas as águas desceram graus Célsius. Os ramos das árvores brotaram flores brancas de cristais de neve e pareciam algodão a flutuar no alto. Todos os animais se esconderam em esconderijos improvisados e hibernaram, mesmo os que nunca o tinham feito, encostados uns aos outros. A meteorologia não conseguia prever o término desta alteração repentina. E Os Homens espreitavam à janela para ver quando a neve atenuava, na esperança que ela caísse cada vez mais. Já há muitos anos que não caia neve e eles queriam aprender e ensinar a saborear toda a magia que um floco de neve pode ter. Muitos já se tinham esquecido que a neve já foi um simples suspiro de um amante, uma simples gota numa folha de uma magnólia, um pedaço de iceberg na Antárctida. Muitos lembraram-se que… Um floco de neve pode conter uma história milenar. Um floco de neve pode conhecer-nos vistos do céu. Um floco de neve pode ser um pedaço branco da mente de cada um. Um floco de neve pode saber os nossos segredos. Ainda assim, eles não ficaram com medo, porque os flocos não tinham boca para contar e os olhos, esses, estavam cansados para serem expressivos. Dormiram, por isso, descansados.

1 comentário:

Longe do Mundo... disse...

'Um floco de neve pode ser um pedaço branco da mente de cada um.'
Lindo. Este teu floco de neve e uma pagina branca que eu tenho no meu memorial. Este teu floco vai-se preencher de historias tal como a pagina do meu memorial em que a minha vida escreve agora.
Esperemos que as historias qe estao a ser escritas sejam boas e valham a pena ser contadas e ouvidas :D
Obrigada pelas palavras sensatas :)
beijibho qerida