Voltei a um dos meus medos:
saltar ao trampolim.
Cor-a-gem.
1. Cor
Comecei num ritmo lento, pé ante
pé. Consegui já o primeiro pedaço da palavra nesta corrida até ao salto.
Ganhei-a por mérito, como sempre. Com o esforço das horas dadas ao que me parece
ser a altura de as dar. Com os tempos que não foram os certos. Com as vidas que
são renasceres de sonhos camuflados em nós.
2. A
O ar que preciso de respirar no
voo inspirado que vejo mesmo à minha frente e que mesmo esticando todos os músculos
ainda não o toco. Ainda vejo as minhas mãos vazias de pó. O puro ar vem depois.
Arrepio. Dou o impulso. Fecho os olhos. Salto.
3. Gem
Subo até ao céu. Com os braços
abertos, sou um pássaro do sonho. Vejo a gaiola cair e a partir-se em pedaços
infinitesimais. Não os consigo contar, porque são desprezíveis. Percebo que
estava presa ao nada. Ao nada que julgamos ser tanto antes de começar a
corrida. Ao nada que parece mil tantos quando a razão dilacera tudo o que temos
cá dentro.
4 a +oo. Subida exponencial
Amanhã continuarei o último
estágio deste caminho. A subida exponencial. E quando for amanhã, tenho a
certeza que serei o sentir. E não terei mais medo destes impulsos dos sonhos
que se irão cumprir.
Para que não se falte cumprir o
meu “Eu”, que tal como cor-a-gem tem a sua raiz no coração. E Coração significa
dar cor à ação. Ou ainda tudo o que se fizer, que se faça num sentir aberto de
coração.
Que os anos futuros sejam feitos
de cor-a-gem, de saltos, de coração.
P.S. "Sem mais, sem dor, perto do fim"http://www.youtube.com/watch?v=gA4i5x-Noo8 ou http://www.youtube.com/watch?v=jD0MjSy1IlE