Poupança. Palavra trivial nos
dias que correm. Numa assunção clara de poupar algo material. Mas em tudo há
antagonismo. E hoje o que se tem poupado é imaterial. Poupa-se o tempo. O tempo
de viver em família, o tempo de descansar, o tempo de pensar. Poupam-se os
sentimentos. O amor pelos outros e por si próprio, a amizade e as partilhas, a
verdade pelo que se é, o humor dos dias negros e de cor. Poupam-se os sonhos.
De mudar, de ser possível fazer diferente, de arriscar.
Poupa-se a coragem de gastar tudo
o que se tem “amealhado” no nosso ativo. E com isto é-se passivo, nas ações e
nos pensamentos. E com isso a balança de pagamentos de cada um está
desequilibrada.
Pela volatilidade dos factos, o
dia de amanhã pode ser tarde. E a compensação do que ficou a crédito com os
outros e connosco próprios pode vir fora de horas.
É simples perceber esta falta que
se vive. Os especialistas, as troikas
tecnocratas não compreendem esta simples premissa de que é preciso mudar o
conceito de poupança e passar tudo o que é material a secundário, numa mudança
profunda de valores, consumos e educações.
Enquanto o imaterial continuar a
ser mero devaneio psicológico, a salvação será mera utopia.
Por isso, há que começar já a
gastar o que está guardado para que a salvação seja o fruto merecido. Começar
por um Natal especial e com sentido, faz parte do início da corrida até à meta.
E eu vou ganhar. Com o que recebo
e com o que dou a mim e ao mundo, nesta perspetiva imaterial da existência
humana.
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