Hipálage. Um pensativo cigarro.
Assim era aquele olhar. Um olhar pensativo, como o de um cigarro fumado de
pé, com a nudez própria dos pensamentos.
Podia fechar os olhos e via tudo da mesma forma. As cores frias do quadro.
As cores quentes daquela vida. Uma diluição de ar pelo corpo inteiro à espera
do nada. Do nada vindo da janela. Da luz da janela.
Porque a luz era precisa nos olhos, para os queimar, cegar até ao ponto de
tatear todas as paredes à procura de cicatrizes.
Nada se encontraria. Apenas música. Música tatuada na pele quase infantil.
Música de chuva, e de escuro. Como se só o som significasse uma inundação.
A chuva é precisa. Para regar os jardins que estão lá fora, depois daquela
janela. Para dar mais cor à terra que se vê na linha do horizonte com os olhos
fechados.
Era esta a figura de estilo. Ir pisar um chão de terra logo após a janela.
Obrigada Hopper, pelo quadro, pela inspiração.
P.S. Fica a música do quadro: http://www.youtube.com/watch?v=9znJMAqOpA0
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