Março. O sol a querer ser quente. Os anos que já passaram. As
histórias que trago dentro e que já estão tão no sítio.
Há arrumações que demoram tempo. Porque não temos tempo para
mexer nelas e, ou muitas vezes, porque não estamos preparados para encontrar um
início na confusão.
Há arrumações que se
fazem aos bocadinhos. A velocidade é infinitesimal, mas acontece. Com os
pensamentos a serem menos frequentes. Com a minimização que vamos dando ao que
fez parte.
Depois disto, há um dia em que olhamos para dentro de nós e
percebemos. Tanto.
De como estamos livres. De como estamos leves.
Quando acontece é esse o momento de voltar a voar. Não voltar
a castrar sonhos. Deixar ir pelo sentido que achamos certo.
Depois disto, pode ficar outra vez tudo desarrumado. Com gavetas
ainda maiores cheias de papéis feitos de memórias.
Aí volta o medo. Mas o processo da arrumação tem que partir
de uma decisão pessoal.
Cada problema tem uma solução simples. O caminho para chegar
até ela depende dos nossos olhos e das nossas mãos. Se os queremos fechados
para não verem nada do que está desarrumado. Se as queremos quietas para não
porem ordem ao que lá vai.
Hoje é um bom dia para arrumar a casa. Com um Sol de Março [de
liberdade de leveza] à janela.
P.S. Não foi o texto que pensei para esta música que me encanta, mas foi o que saiu hoje. https://www.youtube.com/watch?v=QUxowFtSx_E