Tenho a planta à entrada da casa. Com flores vermelhas. Com a
meia luz a entrar-lhe todos os dias. Saio e entro e vejo-a e ela vê-me a mim. Toco-lhe
para ver se tem sede. Não falo com ela, mas tenho presente que ela saberá o que
vai em mim. Já tem mais de um mês e continua a viver.
Curioso o tempo em que me foi oferecida. Cuido dela. E com
ela aprendo como devo ser cuidada também. As minhas flores são coloridas, mas
gosto de escondê-las para que ninguém veja a beleza. Só gosto de deixar
transparecer um pouco de cor naqueles momentos que sinto que faz sentido.
Há alguém que vai percebendo e com um regador de sonhos lá
vai cuidando da minha terra. Dou a mão a este tempo, com o tempo de ontem já
passado, com o tempo de amanhã com tanto ainda para ser.
Fico recostada com os olhos fechados e mostro como são belas
as flores. Sorrio tanto. E adormeço com o desejo de crescer mais. O espreguiçar
da manhã é de liberdade.
Cuido. Gosto de cuidar. Cuidam-me. Cuidas-me. E também gosto.
P.S. See the road, begin to climb