Não percebe como sente, mas sabe que sente um rodopiar de anestesias bem no interior.
É um sentir inquietante, envolvente, imprevisível.
É uma onda de mar a escarpar as rochas e a levar areia do caminho.
Não se pergunta, porque tem-se medo da resposta e não se fala, porque não se sabe a melhor forma de sussurrar.
É um bálsamo quente e frio que deixa um rasto seco na garganta.
Intrinsecamente tudo é explorado e as mãos ainda que invisíveis percorrem aquele rosto como se uma cegueira enorme existisse.
Não se pede, porque as margens não se encurtam, mas ouve-se.
Ouve-se todo o olhar fundo e toda a dificuldade que há em olhar para não sentir, ouve-se o sorriso de uma criança que existiu, ouve-se uma música sempre que se lembra de uma noite e ouve-se um abraço quando se sente que valeu a pena.
Não percebe como sente, mas sabe que sente tudo de algumas maneiras.
Saber que sente é saber que há um vazio ainda por completar.
2 comentários:
obrigado catarina :)
...escreves como se toda a tua vida tivesse sido vivida a escrever...:)
Enviar um comentário