segunda-feira, janeiro 25, 2010

Dupla

(sem imagem, porque não há memória)

Esquecer. Era este o pedido. Breve e simples. Tão simples como pegar numa folha de papel e numa grafite e tentar riscar os momentos e só me sair um rosto, duas mãos, três marés. E depois das marés vem o desejo de me lançar ao mar e de com ele redescobrir as histórias perdidas lá no fundo.

O mar é o homem do tempo. Do tempo de sempre.

Vou-lhe escrever uma carta e pedir que me relate histórias como a minha. Vou-me sentar numa praia e vou ouvi-lo até eu me esquecer da minha história, até eu só saber de histórias de outrem. Depois, vou embora e vou traçar um caminho na areia para ser levado por uma onda, como se tudo pudesse ser apagado e alisado de novo.

A areia é a Mulher do tempo. Do tempo de sempre.

Vou-lhe escrever um postal a agradecer por ter concretizado o pedido breve e simples. Ela vai ficar contente por eu ter lembrado de ter esquecido. Depois, irá esquecer o meu postal e ele será levado até às profundezas do mar. Por lá irá ficar até alguém voltar a querer ouvir histórias como a minha.

E tudo será um ciclo. Um ciclo que começara com Esquecer e que acabará com o “Lembrar de alguém”. Por mais que a areia seja do tempo de sempre, o mar também o é, e o que um esconde, o outro guarda.

10 comentários:

Ângela Peça disse...

"...e o que um esconde, o outro guarda..."

..esta dupla inanimada revela a duplicidade da vida de uma dupla animada..

obrigada pela constante descoberta de vida nos teus textos:)

Longe do Mundo... disse...

Tens de passar no meu catarina :D
sim criei um e deixei.te la uma especie de agredecimento na introduçao.
Espero qe gostes dos meus.
Beijinho*

Longe do Mundo... disse...

Vou travar a guerra e fazer da vida uma revoluçao, lembras-te?!
vou faze-lo tambem com o meu mundo interior. Vou fazer dele a minha 'obra-prima'.
E juro que vou ser feliz com esta minha perfeiçao imperfeita.

No Coração de Deus disse...

não resisti e tive de deixar a minha "marca":

no entrelaçar do mar com a areia desenham-se no fio do tempo histórias mil que o amor não deixa morrer e que a memória não deixa esquecer...são as histórias de uma vida "significante" que lançada ao mar da profundidade vive na vulnerabilidade do areal os passos dados com rumo certo que nos dizem da vida mais do que as palavras.

obrigado pela "dupla" possibilidade que me dás de fitar, a partir do areal, o horizonte e de me lançar ao mar da vida.

teu irmão-padre

Unknown disse...

A minha irmã poeta!

Pois tu quando escreves as palavras ganham vida, não por a terem, mas porque tu assim o queres!

Nas entrelinhas fica uma história de amor, tão curta e tão profunda.

O mar e areia, o Homem e a Mulher. As letras maiúsculas poderão dizer duas coisas..

Um dia destes escrevo mais um post.. quem sabe um dia..

Um beijo

O Caminhante

Longe do Mundo... disse...

Nunca se perde quem realmente se ama, nao e assim?!
a tua areia nunca se vai perder do mar, e eu nunca me irei perder dos que amo. eles podem perder-me mas eu arranjarei sempre forma de os encontar novamente. Nao porque me pertencem mas porque os amo. Tal como a areia ama o mar, tal como a Mulher ama o Homem.

Longe do Mundo... disse...

Hoje tive essa mesma oportunidade. a de missionar, porqe amo. A de fazer bem ao outros sem pensar sequer no meu proprio bem. A de ajudar algem qe precisa bem mais qe eu.
Tanta gente a precisar de um sorriso e tantos de nos a recusar da-lo.

pulguita disse...

extraordinário é pc para dizer o qt adorei o texto :) es uma escritora excelente :)

bjinhos *

Longe do Mundo... disse...

cada um de nos tm uma lmissao com o mundo.
a minha e de dar a conhecer as suas injustic,as, as suas dores, os seus desgostos.
para qe nao seja demasiado tarde pa humanidade repensar o mundo em qe vive ou sobrevive.

ser.so.ser disse...

Olá!
Bem como já te disse sempre que gosto de algo, ou alguém gosto de dizê-lo...
E bem o teu post está uma delicia!
Admiro em ti este teu dom. És fora de série!
Uma grande beijoca e continua a deliciar-me menina que gosta de rosa!;)