terça-feira, setembro 06, 2011

Um novo grafismo

Queria pontos de afirmação no que pensava. E, por isso, fui à procura deles. Não queria vírgulas, pontos e vírgulas, pontos, pontos de interrogação, pontos de exclamação, reticências. Não queria nenhum destes sinais. Queria um diferente. Um que acumulasse as funções de todos. Um que não fosse preciso mudar consoante o que se diz, escreve ou sente. Um que se interpretasse individualmente e que exprimisse uma pausa prolongada ou pequena ou intermédia, uma pergunta, uma ironia, um sorriso, uma surpresa e algo incompleto. Tudo num único desenho. Comecei a desenhar e a procurar definir este novo sinal gráfico.

Que me perdoe a gramática perdida no tempo se anseio pelo vanguardismo desta nova arte.

Olhei para a Lua, invisível no azul do céu da noite, e ela contou-me como era o grafismo que queria esboçar. Sorri. Era óbvio. Uma imagem que não gosto de usar, mas que traduz tudo e mais alguma coisa. Umas vezes cheio, outras vazio. Umas vezes feliz, outras triste. Umas vezes tranquilo, outras descompensado. Consegues adivinhar?

Hoje, esta noite e em muitas noites passadas, eu queria ter escrito sobre as saudades que tenho do sabor de um concerto de inverno que tanto me fez sonhar e aquecer. Não consegui escrever sobre ele. Ou melhor, escrevi. Naquele concerto procurei pelo sinal. E só hoje, esta noite, encontrei a sua forma.


P.S. Uma das músicas que descobri e senti: http://www.youtube.com/watch?v=d7dsOw_45JM

3 comentários:

Longe do Mundo... disse...

Tu buscas o teu sinal ideal. Eu procuro pela minha palavra perfeita.
Tu pareces já ter descoberto o teu.
Eu estou quase a encontrar a minha.
Como esta vida é feita de coincidências não?! :)

ser.so.ser disse...

Há concertos que ficam mesmo nos nossos sonhos, porque mesmo melhor que imaginá-los... é vivê-los... Senti-los... ;)

Ângela Peça disse...

em quantos versos as palavras e os sinais existentes não nos conseguem expressar?
o ponto de grafismo do teu universo pode ser a fórmula física do silêncio das tuas palavras...mas como qualquer cientista deixa um rasto dessa tua grafia...nunca se sabe quando o universo particular se pode transfomar num particular universo...e o que seria da ciência se não houvesse alguém para a interpretar? ;)