quarta-feira, maio 07, 2014

Procuro-te

Procuro-te neste barulho. Neste ressoar de motores de carros, de passos apressados, de luzes incandescentes, de ondas de rio a bater nas margens, de prédios altos, de vento a despentear-me os cabelos.

Procuro-te com a ansiedade óbvia de querer paz. A serenidade transforma-nos e leva-nos ao nosso primeiro estádio no mundo.  

Procuro-te dentro de mim. Neste enorme coração que tem um ritmo próprio, no toque de anéis nas minhas mãos, nos meus pensamentos e sorrisos.

Procuro-te. Procuro-te.

E não te encontro.

Mesmo fechando os olhos, mesmo tentando telepatia, mesmo rezando. Mesmo à noite, bem antes de adormecer, oiço pássaros noctívagos.

E não sei como és.

Talvez sejas um frio, uma ausência de cores ou a soma de todas elas. Talvez tenhas ficado suspenso no início do mundo para que ninguém te pudesse conhecer. Talvez Deus tenha sido egoísta e tu sejas o Paraíso.

Já pensei subir a montanha mais alta e procurar-te lá do alto. Quando se vê o mundo inteiro, ainda haverá algo a escapar-nos?

Não sei quando te irei encontrar. Sei que vou continuar a sonhar contigo. A querer-te a apaziguar o que sou.

Não sei onde estás. Sinto que existes e que andas por aí. Vou começar a procurar-te no singelo.

É o silêncio que quero encontrar.


P.S. Não há música, porque o silêncio hoje não se quer expressar assim.

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