Procuro-te neste barulho. Neste ressoar
de motores de carros, de passos apressados, de luzes incandescentes, de ondas
de rio a bater nas margens, de prédios altos, de vento a despentear-me os
cabelos.
Procuro-te com a ansiedade óbvia
de querer paz. A serenidade transforma-nos e leva-nos ao nosso primeiro estádio
no mundo.
Procuro-te dentro de mim. Neste
enorme coração que tem um ritmo próprio, no toque de anéis nas minhas mãos, nos
meus pensamentos e sorrisos.
Procuro-te. Procuro-te.
E não te encontro.
Mesmo fechando os olhos, mesmo
tentando telepatia, mesmo rezando. Mesmo à noite, bem antes de adormecer, oiço
pássaros noctívagos.
E não sei como és.
Talvez sejas um frio, uma ausência
de cores ou a soma de todas elas. Talvez tenhas ficado suspenso no início do
mundo para que ninguém te pudesse conhecer. Talvez Deus tenha sido egoísta e tu
sejas o Paraíso.
Já pensei subir a montanha mais
alta e procurar-te lá do alto. Quando se vê o mundo inteiro, ainda haverá algo
a escapar-nos?
Não sei quando te irei encontrar.
Sei que vou continuar a sonhar contigo. A querer-te a apaziguar o que sou.
Não sei onde estás. Sinto que
existes e que andas por aí. Vou começar a procurar-te no singelo.
É o silêncio que quero encontrar.
P.S. Não há música, porque o silêncio hoje não se quer expressar assim.
Sem comentários:
Enviar um comentário