segunda-feira, novembro 24, 2008

Era uma vez uma sombra...


Era uma vez uma sombra...

Adormeci num sono compassado cuja melodia eram a ternura de abraços. Volta e meia os seus passos seguiam-me em sapatinhos de algodão e eu ficava sossegada, calada. Estava sempre atrás de mim e eu não vi, não fui nunca capaz de ver. Uma cegueira enorme, um desafio oculto. Era uma sombra, sim, mas diferente. Era reflectida para trás, impossível de eu correr atrás dela. Apenas ela, só ela, poderia correr atrás de mim. A verdade é que nunca se cansou, porque eu sempre andei devagar, sem pressas, sem rumo, sem nada.

Houve um dia que a sombra desapareceu. Não sei se dei conta, não sei se queria dar conta. Ela deixou de me abraçar e de me levantar cada vez que eu tropeçava naqueles fios de tempo. Cansou-se, é certo. Talvez da minha insegurança ou mesmo da minha falta de iniciativa para correr até ao céu e lançar-me naquele baloiço até ao mar. Também me cansei por não a ver, por apenas ouvir caminhadas quietas e sorrisos plácidos.
Sorte, indiferente. Expectativa, nenhuma.

Era uma vez uma sombra...

Que
...

2 comentários:

Anónimo disse...

...se perdeu. Por nada, ou coisa alguma.

abraço

EDUARDO CICUTO disse...

adorei a mensagem parabens