O primeiro momento ter sido à noite trouxe um outro
sentimento à cidade. As luzes e o pouco barulho nas águas adivinhavam um amor
crescente ao labirinto que iria percorrer. Não é fácil saber onde se está se
não houvessem placas com os nomes das ruas ou das praças. Perder-se naquelas
ruas é encontrar em cada recanto umas flores penduradas nas janelas e uma
gôndola enamorada nos mares. Veneza cheirava bem. Cheirava a perfumes caros. Além
das fotografias queria ter fotografado cada uma destas essências. Veneza tinha
muita luz e dava para ver os Alpes. Eu reluzia com ela, no meu jeito
envergonhado e com a minha sede de ser cidadã do mundo. Os palácios e a cultura
faziam-me sorrir alto com os exemplos de cuba, com a contemporaneidade da arte.
O nosso português entranhado naquelas ruas, pela fala e pelo fado. Lá também se
estuda a nossa língua. Que bom encontrar acasos que nos fazem sonhar como a
Alice no país das Maravilhas. As quatro estações na acústica perfeita de uma
igreja. Deus também gostou de ouvir, tenho a certeza. A praça com a multidão, o
vento na cara enquanto se navega até outras ilhas. A chuva forte da noite. A
despedida na ponte que atravessa o Grande Canal e que os meus pés subiram e
desceram não sei precisar as vezes. Foi bom deixar-me estar a saborear o pôr-do-sol
ao som da água que embala sonhos. É para voltar e ver a aqua alta.
2 comentários:
Fantástico, mesmo!!! ;)
Que bom reviver!! Por momentos vi-me novamente em Veneza!! Que saudades!!
:) Beijinhos
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