sábado, novembro 02, 2013

Postal de Florença

Florença é para ser vista do alto. De cada lado da ponte vecchio. A torre do palácio, a cúpula da enorme catedral, por um lado, os jardins do outro palácio e o miradouro, por outro. Sentimo-nos pequenos e sonhadores ao mesmo tempo. Florença é “pequenina”. As gôndolas são aqui substituídas por coches nas ruas. Havia pintores pelas ruas como outrora, barulho nocturno de sexta-feira, “bairro alto” lá do sítio e teatro de rua. A música do rádio do artista chamava as pessoas. Aos poucos a roda compunha-se de culturas. O artista gostava delas. Chamou um americano gorducho e uma sul-coreana magrinha e de minissaia. Hum… apimentava-se brincadeira e gargalhadas. O melhor foi as crianças. Primeiro a menina sem medo e que ficou com medo por ele lhe ter tirado os óculos. Segundo, o menino com medo e que ficou sem medo. Foi este que ele escolheu. Ensinou-o a benzer à frente de todos. A fé anda nas ruas.

David.  É um dos sinónimos de Florença. A estátua é enorme e olhar para ela, andar ao redor dela, pensar que foi esculpida por Miguel Ângelo, faz-nos sentir outra vez pequenos e sonhadores. David ganhou Golias e esta história do antigo testamento eterniza a força da inteligência e da coragem à brutalidade de alguns seres.

Mais arte, daquela que sempre vi em fotos e que um dia seria vista pelos meus olhos. Vénus. A Vénus de Botticelli. Para mim o nascimento da espiritualidade feminina, na nudez que é o amor.


Voltar a recordar Florença é lembrar-me do sino. Do sino que nos deu as boas vindas com um Sol ainda reluzente. Voltar a recordar Florença é lembrar-me do canto e do violino. Do canto e do violino que nos deram as boas idas com um Sol ainda reluzente. 

Fica para sempre.