À deriva naquele dia sonhava com a voz de outros tempos...
Voz: Vem. Vem sentar-te aqui. Quero falar-te e saber das tuas decisões. Consigo perceber que precisas de algo meu.
(Olhar: Filha, os sonhos são dores…)
Voz: Senta-te. Olha os meus olhos. Sabem tanto. A idade também pesa, é certo, mas muito mais do que isso conheço-te. Conheço-te, porque também eu sei ler o invisível e por mais anos que passem, vais continuar a ser aquela papoila que baloiça e não cai. Serás sempre a menina dos sorrisos vermelhos, sempre.
(Olhar: Dorme, criança, dorme,/ Dorme que eu velarei)
Voz: Não Catarina! Não vás por aí! Não vais ser feliz assim. Imagino-te no futuro assim ... Confia no que te digo e não mintas mais a ti própria. Tens um castelo para construir e nunca para arruinar. Agora vai, alguém te espera.
(Olhar: A vida é jovem e o amor sorri)
Deixei de derivar após ouvir e ler, pelo olhar, estas palavras. Serão indeléveis à passagem das folhas do Outono.
P.S. *As frases do olhar são da autoria de Fernando Pessoa e as da voz são de outra mente genial :)